segunda-feira, 8 de agosto de 2011

ET, o extraterrestre de Steven Spielberg (ET, the extra-terrestrial)

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=_7-2PB4jj2o
Fala do filme: "ET... phone... home..."
Vale a pena: Se você, como eu, nunca viu, veja! Bom para crianças e pessoas com medo de filmes de suspense, já que é bem levinho.
Não vale a pena: Quem quer ver aliens extremamente bem feitos e se apavorar com o roteiro e os efeitos especiais.
Gostei? Pouco. Sinto que vi ele pela primeira vez velha demais.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Fotografia extremamente bem trabalhada, com os contrastes de luz impedindo que você veja a face dos inimigos até o fim do filme.

Do que se trata o filme:
O garoto Elliot vai pegar uma pizza fora de casa quando percebe uma luz incomum no seu quintal. Quando ele consegue perceber que aquilo era, na realidade, um ser extraterrestre, ele conta com a falta de crença de seus irmãos. No entanto, após criar um grande laço de amizade com o ET, ele consegue provar aos outros que era verdade, e os três irmãos começam a ajudá-lo a criar um telefone para que os da mesma espécie do ET venham buscá-lo na Terra.

Os meus comentários:
Acho particularmente estranho falar sobre esse filme, por dois motivos. O primeiro deles é que essa é a primeira vez que eu vi ET, sendo que esse é um filme que todos vêem quando são pequenos, e eu perdi aquele olhar inocente e pouco crítico já há algum tempo, então o filme não causa "aquela coisa mágica" em mim. Além disso, esse é um filme que traz reações muito particulares às pessoas, e é difícil tentar abordar de uma forma geral algo que pode causar tanto medo quando risos. Tendo um amigo que até hoje detesta filmes de aliens por causa desse filme, e alguns que o usam para comparar graus de quão toscos são alguns efeitos especiais, é bem difícil tentar abordar vários pontos de vista.

Bom, mas dado que eu estou fazendo tal crítica e vi o filme, mesmo sabendo que ele me pareceria um pouco tosco, por que toda essa vontade de vê-lo? Recomendações. Em breve, lançará no Brasil o filme Super 8, produzido por Spielberg, e chamado por muitos de "novo ET". Logo, vi a necessidade de vê-lo antes que fosse ainda mais tarde.

É sabido que desde a década de 1970 até hoje, com filmes como Avatar, há até uma competição dos grandes estúdios de cinema para ver quem consegue fazer os efeitos especiais mais espetaculares. E, dentro dessa competição, Spielberg fez grandes avanços, como com Indiana Jones e com o famosíssimo Jurassic Park. Logo, se torna discutível falar sobre como os efeitos especiais desse filme são um pouco rudimentares. Percebendo o currículo do diretor, fica até ridículo falar que os efeitos foram propositalmente ruins, ou que ele realmente buscava ter um ET pouco assustador, mesmo no começo. Mas, como sempre, precisamos lembrar que todo filme foi feito na sua época, e como o ET estreiou em 1982, as tecnologias de efeitos especiais não eram grande coisa.

Em compensação, o filme é cheio de detalhes menores, mas que realmente trazem ao filme o ar de amizade entre garoto e alien que o diretor procurava. O próprio quarto do garoto, cheio de referências ao espaço sideral, e com luzes articuladas que deveriam ser bastante tecnológicas na época sugerem que o garoto já tinha uma mente aberta ao espaço, além de, por conta da época em que nasceu, ter assistido parte da corrida espacial. Além disso, o abandono do pai tem um bom timing, já que o garoto provavelmente estava carente e necessitando do carinho promovido pelo ET.

Por fim, há mais um aspecto bem interessante a ser citado. Ele é a abordagem do diretor ao tema dos extraterrestres, que combina bastante com os blockbusters dos anos 1980. Ao trazer à Terra um ET bonzinho e que ensina uma lição sobre laços de amizade, é inegável que Spielberg buscava um grande sucesso de bilheteria, e como todos sabem, a fórmula para isso nos anos 1980 era efeitos especiais + lição de moral + emoção. Logo, seu sucesso na época e sua elevação a um clássico do cinema faz todo o sentido.

E é isso! Comentem, por favor (:

sábado, 30 de julho de 2011

Ensaio sobre a cegueira de Fernando Meirelles (Blindness)

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=kbX7xFQirnw
Fala do filme: (perdão, eu sei que escolhi algo gigantesco) "Quer que eu analise isso? Meu Deus! Claro que eu preferia que a minha mulher não fosse. Mas o que quero não importa. A decisão é dela. Meu orgulho de macho ficará ferido, claro. Mas, se ele ainda existe, de que importa? Estamos morrendo de fome. Cada um deve agir como quiser... de acordo com a moral que ainda lhes resta."
Vale a pena: Para quem quer realmente pensar no filme, e estiver disposto a algumas cenas mais fortes.
Não vale a pena: Estômagos fracos, quem não gosta de dramas, quem quer algo leve para o domingo à tarde.
Gostei? Sim.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Cãozinho fofo o do fim do filme!

Do que se trata o filme:
Em um cenário bastante apocalíptico, é tratada a questão da cegueira como uma doença inseperada e incurável, e as consequências dessa situação de caos para a humanidade. A partir disso, ele trata das reações desde a mais pessoal até a do governo sobre tal situação. Eu sei que isso está extremamente sucinto, mas acho que falar muito mais do que isso estragaria a graça.

Os meus comentários:
Bom, a primeira coisa que é necessário falar nesse post é que eu estou tratando o filme apenas como um filme, e não como uma adaptação de livro. Vou fazer isso porque eu nunca cheguei a terminar o livro, então não poderia falar sobre ele. Além disso, já aviso aqui que entendo o Marc Ferro ao dizer que toda adaptação sofre influência do subconsciente da sociedade que o produz, então sempre vou tentar tratar cada filme como um filme, não esquecendo que sempre vai haver diferenças. O que não me impede, é claro, de analisá-las.

Então, começo a falar sobre o filme, tendo em vista apenas que o José Saramago, autor do livro, aprovou a adaptação. Achei interessantíssimo o modo que Meirelles trata o roteiro, dando bastante foco ao grupo de cegos mas sem se esquecer de falar sobre o problema que é aquela doença para a sociedade. Médicos aflitos, um governo sem saber como tratar os seus doentes. Tudo isso leva ao caos, ao medo que se vê no filme. E nesse cenário bastante apocalíptico que se desenrola o filme, mostrando como o medo e insegurança levam o homem a regredir a um estado de sociedade primitivo.

Pensando um pouquinho no livro, que eu não li, eu lembro das entrevistas que o Saramago deu antes de morrer para o documentário Janela da Alma. Eu honestamente não lembro exatamente das palavras dele, mas eu lembro que ele enfatizou que algo que as pessoas não entendiam é que ele trata a cegueira como algo um problema físico, mas como um problema que envolve mais a mentalidade. Ele falava sobre como é para o homem tornar-se cego, e a dificuldade que as pessoas têm de não enxergar o mundo ao seu redor. E que, mesmo que elas vejam, às vezes não enxergam. É esse tipo de mentalidade que deve ter levado Sabino a elogiar o filme, dado que esse assunto é altamente abordado no filme.

Pensando nos aspectos mais técnicos, o trabalho tem uma edição de arte espetacular. O modo que o filme fica brincando com a idéia da cegueira branca, com cenas totalmente brancas iniciando vários capítulos é bastante original e nada previsível. A fotografia também é bem bonita, e conseguiram realmente capturar a idéia de uma cidade universal, mesmo com os paulistas reconhecendo que era São Paulo. A generalidade da idéia se mantém intacta.

E assim termino mais uma resenha. Críticas e sugestões abaixo, okay?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O blog está de volta + De volta para o futuro de Robert Zemeckis (Back to the future)

Bom, antes de tudo, obviamente quero dizer que eu voltei a fazer o blog, mas com espectativas mais realistas de postagem. Eu sei que vai ser quase impossível voltar a fazer duas postagens por semana, então tudo o que prometo é postar o máximo que eu posso, okay?

Agora, vamos ao que interessa, ou seja, os filmes!

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=yosuvf7Unmg
Fala do filme: "Last night, Darth Vader came down from the planet Vulcan and told me that if I didn't take Lorraine out that he'd melt my brain."
Vale a pena: Para quem curte filmes bem leves e engraçadinhos, no tipão de filme dos anos 1980s.
Não vale a pena: Se você busca algo existencialista sobre a viagem ao futuro (eu não sei também porque você procuraria isso nesse filme).
Gostei? Na medida do possível.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Todo mundo deve ter reparado, na verdade, mas achei engraçadíssimo o comentário sobre um som novo para o primo Chuck Berry.

Do que se trata o filme:
Marty McFly é apenas um garoto de 1985, aproveitando a sua vida com um pai meio perdedor e aspirações de rockeiro glam. No entanto, quando seu amigo Doc consegue realizar a viagem no tempo através de uma máquina-carro, ele acaba indo para o passado, em 1955. Lá, ele acaba fazendo com que seus pais não se conheçam, o que impediria o seu nascimento no futuro. Além de ter que resolver esse problema, ele tem também que ajudar o Doc do passado a conseguir energia o suficiente para que ele possa voltar ao presente.

Os meus comentários:
Bom, a primeira coisa que qualquer pessoa tem que reparar sobre esse filme é como ele é obviamente um filme dos anos 1980. Mesmo. Seja pelo fato de ele ser do tipo blockbuster, com o intuito de ser uma diversão para toda a família, seja pelo fato de ele mostrar a onda de desengajamento político que acontecia na classe média dos Estados Unidos que tornava esse tipo de filme bem leve ter grandes bilheterias, ou seja pelo fato de ele estar totalmente ligado ao movimento de glam rock, o que é mostrado na banda de Marty e também na escolha da trilha sonora.

Isso sendo considerado, é óbvio que não dá para esperar que o filme tenha um roteiro altamente complexo e existencialista, apesar do tema ser a viagem no tempo. Eles tratam tudo de uma maneira bastante simplista e clara, o que foi essencial para a popularidade do filme em sua época, e até hoje. Ele consegue atingir tanto os pais, que se divertem lembrando da sua adolescência, quanto os filhos, que se divertem pensando em como foi a adolescência dos pais. A maneira que Zemeckis trata o problema de quebrar o espaço/tempo (que é a de o filho ter que resolver o problema do desencontro dos pais, e que leva a conseqüências no futuro) deve então ser considerada bastante inteligente, dado que se ele escolhesse por algo mais específico, parte de sua universalidade sumiria.

Há inumeros outros filmes que tratam sobre a viagem no tempo. Para citar três, temos Efeito Borboleta, O Planeta dos Macacos e A Ressaca. Com toda essa variedade, percebe-se que o tema pode ser visto com diversos vieses. De superexistencialista a bastante discreto e até de um humor esculaxado, se torna ainda mais claro como a escolha de tratamento de humor leve e despreocupado deu certo para o filme, que muitas vezes aparece acima dos outros em listas de qualificações de filmes.

Para terminar, tenho que admitir que considerei altamente inspirada a atuação de Michael J. Fox. Na época, ele tinha os seus vinte e poucos anos, mas conseguiu entrar muito bem no papel de um preocupado adolescente. Como uma das minhas grandes críticas aos filmes e séries que retratam adolescentes é a incapacidade dos atores de parecerem mais jovens para entrar no papel. Ele, no entanto, faz isso com perfeição.

E acho que é isso, geeente! Por favor, façam comentários e dêem sugestões!
Beeeijos!

terça-feira, 29 de março de 2011

Los Angeles: Cidade Proibida de Curtis Hanson (L.A. Confidential)

Post dedicado ao leitor Raphael. Valeu, Rapha, eu adorei a dica!

Diálogo do filme: Ed Exley:"Rollo Tomasi"
Jack Vincennes: "Vou ter que adivinhar quem é?"
Ed Exley: "Rollo era um batedor de carteiras. Meu pai topou com ele um dia. Ele atirou seis vezes no meu pai e conseguiu escapar. Ninguém o conhecia, inventei o nome para dar-lhe personalidade."
Jack Vincennes: "E daí?"
Ed Exley: "Foi por Rollo que me tornei tira. Eu queria pegar quem se imaginava impune. Eu queria justiça. Mas com o tempo, me esqueci disso. Por que se tornou tira?
Jack Vincennes: "Eu não me lmebro."
Vale a pena: Tem um roteiro incrível, com várias reviravoltas. Ótimo para fãs de Tarantino, por exemplo.
Não vale a pena: Obviamente, para quer não gosta de ação, filmes policiais ou está com sono e não vai entender o filme.
Gostei? Muito!
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Quero um telão que nem o que tem na casa da Lynn para ver os meus filmes!

Do que se trata o filme:
De novo, não é possível dizer que existe uma sinopse para esse filme. Mas, já que eu me propus a fazer isso, vamos lá: o filme trata basicamente das relações entre os policiais de Los Angeles, mostrando todas as suas intrigas e sistemas de corrupção. Dentro disso, ele mostra como um caso que parece ser um caso apenas de gangues leva a um problema estrutural muito maior, dentro da polícia, envolvendo prostituição.E, na resolução desse caso que ocorrem as críticas sobre o trabalho dos policiais de L.A..

Os meus comentários:
Fazia algum tempo desde que eu não via um filme pela primeira vez que me interessasse tanto quanto Los Angeles: Cidade Proibida. Com um enredo que dá reviravoltas extremas e ainda coerentes, turbinado com uma enorme crítica à corrupção na polícia, e ainda atuações incríveis como a de Guy Pearce, também, fica difícil de não gostar!

Quanto ao enredo, primeiramente preciso dizer que o trabalho de direção desse filme foi espetacular. Eu, particularmente, acredito que em filmes como esse, como o Clube da Luta e o recente A rede social, nos quais o enredo poderia se perder caso o trabalho de direção não fosse organizador, um grande crédito tem que ser dado ao diretor. Nesse caso, parabéns, Curtis Hanson! Você conseguiu tornar claro um filme com uma quantidade absurda de protagonistas, além de conseguir criar uma discussão interessante e nova sobre a profissão de policial.

Essa discussão sobre a profissão se dá, no filme, por conta do conceito de justiça. Há uma explicação pela maioria dos personagens sobre o seu conceito de justiça, sobre o que os teria movido para essa profissão. A partir disso, o diretor acabou criando também uma tipificação dos policiais, algo que eu achei extremamente interessante, dado que é uma discussão extremamente atual, e que nunca vai perder essa faceta. Além de tudo isso, ainda há uma crítica sobre a brutalidade e a corrupção em todos os escalões, lembrando que todos os policiais são também humanos, e, como tais, não são sempre incorruptíveis. E, como muitas vezes, a justiça seria feita por esses, se mostra como a justiça é extremamente frágil. Por fim, também é discutido como o poder pode mudar uma pessoa, como este é capaz de criar uma ilusão de impunidade que acaba tornando o homem cego.

Outro ponto que eu considerei bem forte no filme foi a sua própria introdução. Com a matéria da revista Hush Hush, o espectador já começa a ficar atento ao fato de que nem tudo vai ser o que parece. O comecinho da introdução, falando sobre a televisão, também tangencia uma outra discussão interessante apresentada no filme, que é a propaganda. No caso, quando um policial e uma revista fazem um acordo para mostrar eficiência, há uma ilusão de segurança para a população e uma venda muito boa da revista. E isso sem um julgamento moral do diretor, que mostra a prática como se ela fosse tranqüilamente aceita, e mostra como é fácil não ter punição por algo absurdo como isso.

E, obviamente, o filme contou com atuações incríveis para tornar tudo isso possível, incluindo um Kevin Spacey já consagrado com Seven, um Russel Crowe impecável ainda antes de Uma mente brilhante, o Guy Pearce já consagrado após Priscila, a rainha do deserto, e antes de Amnésia, e a Bond Girl Kim Basinger.

Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei! Comentários abaixo, okay??

quinta-feira, 17 de março de 2011

8 1/2 de Frederico Fellini (8 1/2)

Post dedicado ao usuário Bruno. Bruno, aqui está! Hahaha!

Fala do filme: "Você gosta de filmes em que nada acontece? No meu filme, vai acontecer de tudo. Vou pôr tudo nele, até marinheiro sapateando."
Vale a pena: Bom, é Fellini, um dos diretores que mais influenciou o cinema atual! Mas, além disso, ótimo para pensar em questões mais existenciais, e para quem tem paciência (não é um filme no qual todas as cenas têm ação).
Não vale a pena: Obviamente, para quem gosta de filmes menos parados. Também para os que não acreditam que o homem se forma a partir de suas lembranças.
Gostei? Sim.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Bom, de novo, um monte de gente deve ter reparado nisso, mas... Eu acho incrível o trabalho de filmagem que o Fellini faz, de ter uma angulação e técnica conservadoras nas cenas que tratam da realidade, e uma filmagem absolutamente maluca nas cenas de delírios e um meio termo quando se trata da infância.

Do que se trata o filme:
Pode-se dizer que o filme fala sobre tantas coisas que se torna impossível descrever. Mas, sendo extremamente objetiva, ele traz três pontos principais. O primeiro e mais óbvio deles é o branco criativo que sofre Guido Anselmi, um diretor, ao produzir um filme, e as conseqüências dele para a sua vida profissional e pessoal, além da investigação de suas razões. O segundo ponto importante é a relação de Guido com todas as mulheres de sua vida ( de Saraghina, a dançarina de rumba de sua infância, à sua esposa). Por fim, ele também trata de um certo construtivismo pessoal, com os flashbacks da infância, que fazem com que o espectador pense que tudo o que ele sofre hoje são apenas conseqüências dela.

Os meus comentários:
A primeira coisa que eu gostaria de frisar nessa resenha é a dificuldade de falar de qualquer coisa tão significativa pra história do cinema, como o 8 1/2, sendo que eu tenho tão pouca experiência. Isso realmente me gerou um branco. Mas okay, isso superado, começo a fazer meus reais comentários.

Bom, antes de tudo, para entender esse filme é preciso saber um pouquinho das técnicas do Fellini. O diretor começou a carreira em uma escola de cinema italiana que buscava retratar a realidade com a maior fidelidade possível. No entanto, após algumas experiências e após ser apresentado aos textos de Carl Jung, o diretor passou a tratar mais da infância e do onirismo, gerando filmes como o aqui tratado. Ele causa tanta estranheza à primeira vista porque ele tem esses momentos super realistas da primeira fase do diretor misturados aos delírios, o que faz com que o espectador pouco atento não consiga entender o filme.

Esse filme especificamente é extremamente aclamado por, além de conter essa idéia revolucionária na época, ter também aspectos técnicos avançados e extremamente incorporados à idéia de onirismo. Como eu já disse antes, a filmagem com os efeitos para cada tipo de cena, assim como as mudanças de contraste no preto e branco realizadas, fazem com que cada delírio e cada pedaço da realidade sejam absolutamente individuais. A trilha sonora também tem uma curiosidade que eu adorei: sempre que possível, ela está realmente presente em cena, com uma orquestra em algum local do cenário. Isso me lembra do momento #ficadica: existe uma versão remasterizada do filme à venda. Se possível, veja essa, já que se tornam ainda mais claros esses efeitos que eu falei.

Eu queria também tratar de mais um detalhe do filme: os óculos. Guido utiliza diversas vezes seus óculos escuros para fugir da realidade, o que também é um detalhe, mas que se tornou bastante característico. No filme que lançaram para supostamente homenagear Fellini, o musical Nine, eles usam esse rescurso mais do que o necessário até, o que me irritou um pouco.

E, então, por fim, eu gostaria de falar de um último aspecto dessa obra. Eu, particularmente, acho engraçado como as lembranças de infância do Guido são particulares, mas fazem com que todo espectador pense nas suas próprias lembranças parecidas com essa, o que gera uma forte identificação, não importa de onde você seja. Obviamente, eu nunca tomei banho de vinho como ele fez, mas o ambiente familiar, tudo leva e pensar em algo parecido. Com isso, você acaba tendo alguma compaixão pelo personagem, o que torna para Fellini mais fácil te contar a história dele sem que você perceba o quanto Guido está realmente encrencado.

E questo è tutto, comentários abaixo!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Burlesque de Steve Antin (Burlesque)

Bom, antes de tudo, esse post é dedicado à leitora Juliana! Espero que você goste!

Fala do filme: "Do you ever listen to anything beside your own voice?"
Vale a pena: Se você gostar de musicais e estiver mais interessado em como chegar ao fim do filme do que em simplesmente se ele é surpreendente ou não.
Não vale a pena: Se você quer assistir algo extremamente inovador ou tem um bloqueio com musicais.
Gostei? Sim.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Com a franjinha que colocaram na Christina Aguilera para ela parecer mais inocente, ela ficou a cara da Hillary Duff em A nova Cinderela.

Do que se trata o filme:
O filme conta num plano geral a história de Ali, uma garçonete que sai de sua pequena cidade natal e vai morar em Los Angeles, para tentar construir uma nova vida. Lá ela conhece o clube Burlesque, chefiado por Tess, que está com problemas financeiros e mal consegue manter seu imóvel. A partir desse momento, o filme começa a se focar mais nas relações entre as pessoas que trabalham e freqüentam o local, e menos apenas na vida de Ali, mas também mostrando as suas dificuldades nesse novo local de trabalho. Por fim, também é contado como as pessoas têm que trabalhar juntas para que um lugar tão querido para elas possa permanecer aberto.

Os meus comentários:
Ai, ai, como eu adoro os musicais! Todas as coreografias, músicas marcantes e atuações geralmente mais medianas! E esse, como não poderia deixar de ser, é um musical típico: notas altas para as vozes, coreografias, figurinos e locações; notas mais baixas para as atuações e roteiro. E é assim que é a maioria dos musicais, e não adianta, o que vai nos comover nele são as músicas e o modo que elas são apresentadas, assim como o que vai nos impressionar. Eu, pelo menos, tento julgar um filme dentro da sua categoria, sabendo as limitações e os pontos fortes das categorias. E, tudo isso considerado, achei Burlesque um musical muito legal. Antes que algum fã da Cher ou da Chirstina me matem, eu não estou dizendo que é uma má atuação! Só que a atuação não é exatamente o ponto forte do filme. Aliás, algo relacionado a isso me chamou bastante a atenção: dois atores que não cantam, Eric Dame e Stanley Tucci, participam muito bem do filme, trazendo pontos mais altos nesse quesito.

Além disso, acho adorável o que fizeram com as músicas do filme, e fico bem feliz que ele tenha recebido o Globo de Ouro por Melhor Canção Original. Há algumas músicas originais para o filme, que realmente entram no clima de cabaré que ele tem, e ao mesmo tempo eles fizeram algumas homenagens à músicas e coreografias clássicas, como a música Diamonds Are a Girl's Best Friend e a coreografia de Cell Block Tango, do musical Chicago, talvez o máximo do burlesco nos musicais. Para o momento #ficadica fica então prestar atenção nas músicas cantadas durante o filme e tentar lembrar de onde elas vieram!

Acho também legal que o filme mostre diversas cenas sem a atriz principal. O fato de ele se dividir nas diversas histórias mostradas no filme dá um toque a mais, gera um efeito ao espectador de achar que sabe mais da história do que cada personagem sabe, individualmente. Além disso, há durante o filme um forte senso de humor mais negro que, particularmente, me agrada, e faz com que algumas cenas sem músicas sejam mais engraçadas do que dramáticas (ainda que haja um toque de drama meio mal feito em algumas cenas).

Por fim, gostaria de comentar que as personagens Ali e Tess são dois grandes clichês do cinema, mas que são tratadas de uma forma bem legal nesse longa. Ali é a garotinha do interior que vem buscar fama na cidade grande, mas nesse filme ela é marcada por uma enorme personalidade, além de uma vontade de fazer o que faz que a leva inclusive a estudar sobre o assunto. Já Tess faz o papel de uma quase-cafetina mal-humorada e de cabeça fechada, que vai se abrindo aos poucos. Mas o seu modo de fazer isso, ao mesmo tempo com classe e um humor ácido, tornou o papel mais interessante.

E é isso! Espero que vocês gostem! Comentários abaixo!

domingo, 6 de março de 2011

Chocolate de Lasse Hallström (Chocolat)

Antes de tudo, eu queria dizer que esse post é uma resposta ao comentário do usuário ian, que pediu por um filme que ele gostasse ou qualquer filme bom. Vou fazer sobre algo que ele gosta! E, se você também quiser uma resenha, não se esqueça de comentar no post de promoção, ok?

Diálogo do filme: "Garoto 1: I hear she is an atheist.
Garoto 2: What's that?
Garoto 1: I don't know."
Vale a pena: Johnny Depp de pirata (mas antes do Caribe), se você gosta de dramas mais leves e românticos.
Não vale a pena: Se você estiver com fome (os chocolates são apetitosos), se você não gosta de dramas, se você não gostar de filmes mais parados.
Gostei? Sim, sim...
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Okay, na verdade qualquer um pode ter reparado isso, mas eu não conseguia parar de pensar que a Josephine (Judi Dench) era a Bárbara de Notas sobre um escândalo.

Do que se trata o filme:
O filme trata da modificação que sofre uma pequena vila localizada no meio do nada na França com a chegada de duas moradoras mais modernas. Quando Vianne e Anouk chegam, se recusando a ir à Igreja e abrindo uma loja de chocolates em plena quaresma, elas iniciam uma lição que tal vila jamais irá esquecer. Além disso, ele trata da dificuldade sofrida por elas para de adaptar e aprender a viver em um lugar tão tradicional.

Os meus comentários:
Primeiro de tudo, eu preciso fazer uma pequena reclamação: por que diabos uma vila francesa falaria inglês? Tudo bem, eu entendo que não quisessem trabalhar apenas com falantes de francês, mas que fizessem uma vila inglesa, então! Me desculpem, mas tal detalhe me deixou extremamente irritada. Mas, com exceção disso, eu acho esse filme uma delícia para se assistir no meio da tarde com uma barra de chocolate. Ah, sim, e antes de tudo, no momento #ficadica, assistam o filme com uma barra de chocolate. Senão, a vontade vai te fazer levantar da cadeira e ir buscar uma!

A história trata, na realidade, de um choque entre tradições, um tema bastante atual dado os problemas entre cristãos e muçulmanos na Europa, mas em uma época em que tal problema não era tão visado. Assim, ele acaba mostrando as diferenças entre a antiga tradição maia da família de Vianne e as tradições cristãs da vila em que elas abrem a loja. É divertido ver, por exemplo, como os habitantes nativos ficam assustados ao ver a "feitiçaria" de adivinhar os sabores preferidos usados por Vianne, e também como essa também tem os seus preconceitos, como achar que todos os moradores da vila são eternos conservadores.

Em um momento do filme, para trazer um pouco de amor à vida de Vianne, aparecem piratas na vila, o que faz com que a sua guerra aumente. Com um prefeito que não tem medo de fazer fofocas no caso de destratar os cidadãos menos integrados, a cidade acaba em um ponto no qual tudo tem que ser resolvido, o que leva ao desfecho do filme. E só para comentar duas coisas: historiadores, existiam piratas como esses nos anos 1960? ; e Johhny Depp, você sempre quis ser um pirata famoso, não?

Por fim, eu queria comentar mais um fator que torna esse filme mais especial, que é o fato de ele ser um apanhado de histórias sobre as pessoas daquela vila. Com tal recurso, o filme se torna pouco repetitivo e mais dinâmico, uma vez que trata das mudanças que vão ocorrendo não só com as protagonistas, mas também com diversas outras pessoas, o que mostra como tais mudanças afetam toda a dinâmica da vila.

E assim eu termino o meu primeiro post focado a um leitor. E aí, vocês gostaram? Ian, você gostou? Comentários, abaixo!
Beijos!