sábado, 30 de julho de 2011

Ensaio sobre a cegueira de Fernando Meirelles (Blindness)

Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=kbX7xFQirnw
Fala do filme: (perdão, eu sei que escolhi algo gigantesco) "Quer que eu analise isso? Meu Deus! Claro que eu preferia que a minha mulher não fosse. Mas o que quero não importa. A decisão é dela. Meu orgulho de macho ficará ferido, claro. Mas, se ele ainda existe, de que importa? Estamos morrendo de fome. Cada um deve agir como quiser... de acordo com a moral que ainda lhes resta."
Vale a pena: Para quem quer realmente pensar no filme, e estiver disposto a algumas cenas mais fortes.
Não vale a pena: Estômagos fracos, quem não gosta de dramas, quem quer algo leve para o domingo à tarde.
Gostei? Sim.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Cãozinho fofo o do fim do filme!

Do que se trata o filme:
Em um cenário bastante apocalíptico, é tratada a questão da cegueira como uma doença inseperada e incurável, e as consequências dessa situação de caos para a humanidade. A partir disso, ele trata das reações desde a mais pessoal até a do governo sobre tal situação. Eu sei que isso está extremamente sucinto, mas acho que falar muito mais do que isso estragaria a graça.

Os meus comentários:
Bom, a primeira coisa que é necessário falar nesse post é que eu estou tratando o filme apenas como um filme, e não como uma adaptação de livro. Vou fazer isso porque eu nunca cheguei a terminar o livro, então não poderia falar sobre ele. Além disso, já aviso aqui que entendo o Marc Ferro ao dizer que toda adaptação sofre influência do subconsciente da sociedade que o produz, então sempre vou tentar tratar cada filme como um filme, não esquecendo que sempre vai haver diferenças. O que não me impede, é claro, de analisá-las.

Então, começo a falar sobre o filme, tendo em vista apenas que o José Saramago, autor do livro, aprovou a adaptação. Achei interessantíssimo o modo que Meirelles trata o roteiro, dando bastante foco ao grupo de cegos mas sem se esquecer de falar sobre o problema que é aquela doença para a sociedade. Médicos aflitos, um governo sem saber como tratar os seus doentes. Tudo isso leva ao caos, ao medo que se vê no filme. E nesse cenário bastante apocalíptico que se desenrola o filme, mostrando como o medo e insegurança levam o homem a regredir a um estado de sociedade primitivo.

Pensando um pouquinho no livro, que eu não li, eu lembro das entrevistas que o Saramago deu antes de morrer para o documentário Janela da Alma. Eu honestamente não lembro exatamente das palavras dele, mas eu lembro que ele enfatizou que algo que as pessoas não entendiam é que ele trata a cegueira como algo um problema físico, mas como um problema que envolve mais a mentalidade. Ele falava sobre como é para o homem tornar-se cego, e a dificuldade que as pessoas têm de não enxergar o mundo ao seu redor. E que, mesmo que elas vejam, às vezes não enxergam. É esse tipo de mentalidade que deve ter levado Sabino a elogiar o filme, dado que esse assunto é altamente abordado no filme.

Pensando nos aspectos mais técnicos, o trabalho tem uma edição de arte espetacular. O modo que o filme fica brincando com a idéia da cegueira branca, com cenas totalmente brancas iniciando vários capítulos é bastante original e nada previsível. A fotografia também é bem bonita, e conseguiram realmente capturar a idéia de uma cidade universal, mesmo com os paulistas reconhecendo que era São Paulo. A generalidade da idéia se mantém intacta.

E assim termino mais uma resenha. Críticas e sugestões abaixo, okay?

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