quinta-feira, 17 de março de 2011

8 1/2 de Frederico Fellini (8 1/2)

Post dedicado ao usuário Bruno. Bruno, aqui está! Hahaha!

Fala do filme: "Você gosta de filmes em que nada acontece? No meu filme, vai acontecer de tudo. Vou pôr tudo nele, até marinheiro sapateando."
Vale a pena: Bom, é Fellini, um dos diretores que mais influenciou o cinema atual! Mas, além disso, ótimo para pensar em questões mais existenciais, e para quem tem paciência (não é um filme no qual todas as cenas têm ação).
Não vale a pena: Obviamente, para quem gosta de filmes menos parados. Também para os que não acreditam que o homem se forma a partir de suas lembranças.
Gostei? Sim.
Detalhe que provavelmente só eu reparei: Bom, de novo, um monte de gente deve ter reparado nisso, mas... Eu acho incrível o trabalho de filmagem que o Fellini faz, de ter uma angulação e técnica conservadoras nas cenas que tratam da realidade, e uma filmagem absolutamente maluca nas cenas de delírios e um meio termo quando se trata da infância.

Do que se trata o filme:
Pode-se dizer que o filme fala sobre tantas coisas que se torna impossível descrever. Mas, sendo extremamente objetiva, ele traz três pontos principais. O primeiro e mais óbvio deles é o branco criativo que sofre Guido Anselmi, um diretor, ao produzir um filme, e as conseqüências dele para a sua vida profissional e pessoal, além da investigação de suas razões. O segundo ponto importante é a relação de Guido com todas as mulheres de sua vida ( de Saraghina, a dançarina de rumba de sua infância, à sua esposa). Por fim, ele também trata de um certo construtivismo pessoal, com os flashbacks da infância, que fazem com que o espectador pense que tudo o que ele sofre hoje são apenas conseqüências dela.

Os meus comentários:
A primeira coisa que eu gostaria de frisar nessa resenha é a dificuldade de falar de qualquer coisa tão significativa pra história do cinema, como o 8 1/2, sendo que eu tenho tão pouca experiência. Isso realmente me gerou um branco. Mas okay, isso superado, começo a fazer meus reais comentários.

Bom, antes de tudo, para entender esse filme é preciso saber um pouquinho das técnicas do Fellini. O diretor começou a carreira em uma escola de cinema italiana que buscava retratar a realidade com a maior fidelidade possível. No entanto, após algumas experiências e após ser apresentado aos textos de Carl Jung, o diretor passou a tratar mais da infância e do onirismo, gerando filmes como o aqui tratado. Ele causa tanta estranheza à primeira vista porque ele tem esses momentos super realistas da primeira fase do diretor misturados aos delírios, o que faz com que o espectador pouco atento não consiga entender o filme.

Esse filme especificamente é extremamente aclamado por, além de conter essa idéia revolucionária na época, ter também aspectos técnicos avançados e extremamente incorporados à idéia de onirismo. Como eu já disse antes, a filmagem com os efeitos para cada tipo de cena, assim como as mudanças de contraste no preto e branco realizadas, fazem com que cada delírio e cada pedaço da realidade sejam absolutamente individuais. A trilha sonora também tem uma curiosidade que eu adorei: sempre que possível, ela está realmente presente em cena, com uma orquestra em algum local do cenário. Isso me lembra do momento #ficadica: existe uma versão remasterizada do filme à venda. Se possível, veja essa, já que se tornam ainda mais claros esses efeitos que eu falei.

Eu queria também tratar de mais um detalhe do filme: os óculos. Guido utiliza diversas vezes seus óculos escuros para fugir da realidade, o que também é um detalhe, mas que se tornou bastante característico. No filme que lançaram para supostamente homenagear Fellini, o musical Nine, eles usam esse rescurso mais do que o necessário até, o que me irritou um pouco.

E, então, por fim, eu gostaria de falar de um último aspecto dessa obra. Eu, particularmente, acho engraçado como as lembranças de infância do Guido são particulares, mas fazem com que todo espectador pense nas suas próprias lembranças parecidas com essa, o que gera uma forte identificação, não importa de onde você seja. Obviamente, eu nunca tomei banho de vinho como ele fez, mas o ambiente familiar, tudo leva e pensar em algo parecido. Com isso, você acaba tendo alguma compaixão pelo personagem, o que torna para Fellini mais fácil te contar a história dele sem que você perceba o quanto Guido está realmente encrencado.

E questo è tutto, comentários abaixo!

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